Pedidos de patente europeia diminuem mas números continuam altos
Os pedidos de patente com origem em Portugal apresentados ao Instituto Europeu de Patentes (IEP) diminuíram durante a pandemia, mas o número total continua a ser o segundo mais alto de que há registo.
- Pedidos de patente com origem em Portugal junto do Instituto Europeu de Patentes diminuem 8,5% em 2020
- O número total de pedidos de patente com origem em Portugal continua a ser o segundo mais alto de que há registo
- Forte aumento na inovação em cuidados de saúde
- Tecnologia médica, farmacêutica e biotecnologia na liderança das invenções
- A região Norte aumentou a quota de patentes portuguesas para mais de 50%
Os pedidos de patente com origem em Portugal junto do Instituto Europeu de Patentes (IEP) diminuíram 8,5% em 2020 durante a pandemia, dando fim a dois anos consecutivos de crescimento acentuado (+23,1% em 2019, +47,3% em 2018), de acordo com o Índex de Patentes de 2020 publicado hoje. No ano passado, as empresas, institutos de investigação e universidades portuguesas apresentaram 249 pedidos de patente junto do Instituto Europeu de Patentes (em 2019 foram apresentados 272), o que continua a ser o número mais alto de que há registo, apesar do decréscimo face a 2019. (Gráfico: Crescimento dos pedidos de patente portugueses junto do IEP).
Muitas das áreas tecnológicas que impulsionaram a inovação portuguesa no passado sofreram um decréscimo no número de pedidos de patente em 2020, incluindo as áreas de “maquinaria especializada” (-25% do que em 2019), “tecnologia informática” (-46,7%) e, em particular, “mobiliário, jogos” (-61.1%). Em simultâneo, as estatísticas indicam um forte investimento em inovação na área de cuidados de saúde: a área de tecnologia médica, aquela em que se registou o maior número de pedidos de patente com origem em Portugal em 2020, cresceu cerca de 31,8% em comparação com o ano anterior; a área de farmacêutica, que ficou em segundo lugar no número de pedidos de patente, aumentou 44,4% e a área de biotecnologia alcançou o terceiro lugar com um crescimento de 21,4%.
"É com agrado que constato que apesar do decréscimo, o número de pedidos de patente com origem em Portugal se mantém relativamente elevado, mostrando que a inovação portuguesa é agora mais estável do que foi no passado", afirmou o Presidente do IEP, António Campinos. "O facto de haver várias universidades e institutos de investigação entre os principais requerentes é particularmente promissor. E apesar de não podermos prever com certeza a evolução dos pedidos de patente nos próximos meses ou anos, sabemos que a investigação e a ciência são o caminho para um mundo mais saudável e sustentável e que a inovação, apoiada por um sistema de patentes forte, é o motor da recuperação".
Procura pela proteção de patentes junto do IEP mantém-se estável
No geral, o número de pedidos de patente junto do IEP manteve-se estável em 2020, decrescendo 0,7% em relação ao ano anterior, mas com alterações substanciais em termos de sectores tecnológicos e regiões. No total, o IEP recebeu 180.250 pedidos de patente, um número ligeiramente abaixo do recorde alcançado em 2019 (181.532). (Ver gráfico: Crescimento dos pedidos de patente europeus).
China e Coreia do Sul registam crescimento rápido, menos pedidos da Europa
O maior crescimento teve origem nos pedidos de requerentes chineses (+9,9%) e sul-coreanos (+9.2%). Em oposição, os requerentes com origem nos EUA, que correspondem a um quarto do total de pedidos junto do IEP, apresentaram menos 4,1% de pedidos de patente em 2020. Os pedidos de patente com origem na Europa diminuíram 1,3% em relação ao ano anterior e os pedidos com origem no Japão diminuíram 1,1%.
Entre os países europeus, o número de pedidos também divergiu de forma significativa: Enquanto os pedidos com origem na Alemanha, o maior requerente de patentes europeu, diminuíram 3,0% em 2020, os inventores franceses e italianos apresentaram, respetivamente, mais 3,1% e 2,9% de pedidos de patente. Registou-se um decréscimo nos pedidos de patente com origem nos Países Baixos (-8,2%), no Reino Unido (-6,8%) e em Espanha (-5%).
Inovações em cuidados de saúde disparam, transportes diminuem
De entre as principais áreas técnicas, no geral e em todos os países, a farmacêutica (+10,2%) e a biotecnologia (+6,3%) foram as que mais cresceram em termos de pedidos de patente. A tecnologia médica (+2,6%) foi a área que registou o maior número de invenções em 2020, recuperando assim a liderança que, em 2019, pertenceu à comunicação digital. A área de transportes foi a que registou a maior queda (-5,5%).
Universidade do Minho lidera o ranking português
A Universidade do Minho foi quem registou o maior número de pedidos de patente entre os requerentes portugueses, com 20 pedidos de patente junto do IEP em 2020. Seguiram-se-lhe a A4TEC (Association for the Advancement of Tissue Engineering and Cell Based Technologies & Therapies) com 14 pedidos de patente, o INESC Porto (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência) com 12 pedidos de patente, a Saronikos Trading and Services com 7 pedidos de patente e a Universidade de Évora, igualmente com 7 pedidos. Em contraste com a maioria dos países europeus, no top cinco de requerentes portugueses figuram quatro laboratórios de investigação e instituições académicas. (Fig.: Top de requerentes portugueses ao IEP – 2020). Estes dados reforçam a relevância das patentes europeias na proteção dos investimentos em Investigação e Desenvolvimento (I&D) feitos pelas instituições académicas.
Região Norte responsável por mais de metade dos pedidos de patente portugueses
A região Norte lidera uma vez mais o ranking regional com uma quota de 56,2% do total de pedidos de patente portugueses (uma subida face aos 46% de 2019) seguida de Lisboa (16,1% face aos 21,7% de 2019) e da região Centro (15,7%, uma descida face aos 16,5% de 2019).
Para estatísticas detalhadas, consulte o Índex de Patentes de 2020 do IEP em www.epo.org/patent-index2020.