Inovação contra cancro cresceu mais de 70 por cento desde 2015
O Instituto Europeu de Patentes lançou hoje o estudo "Patentes e inovação contra o cancro", que tem como objetivo fornecer um retrato sobre o registo global de patentes no âmbito da luta contra o cancro.
Estudo: Patentes e inovação contra o cancro
O Instituto Europeu de Patentes (IEP) lançou hoje o estudo Patentes e inovação contra o cancro, que tem como objetivo fornecer um retrato sobre o registo global de patentes no âmbito da luta contra o cancro, descrevendo onde decorreram e quais foram os avanços tecnológicos mais recentes. Este estudo é complementado por uma plataforma digital de acesso livre, que possibilita aos inovadores acederem a informação técnica contida nas patentes, a partir de pesquisas pré-definidas em bases de dados.
O estudo, lançado por ocasião do Dia Mundial do Cancro (4 de fevereiro), revela que a inovação na luta contra o cancro aumentou 70% entre 2015 e 2021, de acordo com o número de famílias de patentes internacionais (FPI) de diferentes áreas técnicas. O relatório estabelece que mais de 140 mil invenções de combate ao cancro foram divulgadas publicamente nos últimos 50 anos.
O cancro continua a ser uma ameaça para a saúde a nível mundial, apesar dos avanços na investigação e na tecnologia. De acordo com o Sistema Europeu de Informação sobre o Cancro (ECIS), prevê-se que 31% dos homens e 25% das mulheres sejam diagnosticados com cancro na União Europeia (UE) antes de atingirem os 75 anos de idade. Em Portugal, o tipo de cancro mais comum nos homens é o da próstata, ao passo que nas mulheres é o cancro da mama. Só na UE, mais de 5 milhões de vidas foram salvas graças às invenções no domínio da oncologia, que ocorreram entre 1989 e 2022.
De acordo com o novo relatório do IEP, os Estados Unidos lideram a inovação relacionada com o cancro a nível mundial, com quase 50% de todas as FPI de 2002 a 2021 atribuídas a requerentes americanos. A UE surge em segundo lugar com uma quota de 18%, seguida do Japão com 9%. Mais recentemente, a China deu passos significativos neste domínio, com uma grande contribuição para o panorama global da inovação no domínio do cancro. Na Europa, a Alemanha tem mantido a sua posição de país de origem líder nas últimas duas décadas. O Reino Unido emergiu rapidamente como o segundo maior contribuinte. A França, a Suíça e os Países Baixos demonstram um aumento constante da inovação relacionada com o cancro, ocupando a terceira, quarta e quinta posições, respetivamente. Portugal ocupa a 19ª posição entre os países europeus.
O papel universidades e dos centros de investigação públicos
As universidades, os hospitais, as instituições públicas de investigação e as start-ups desempenham um papel cada vez mais importante na forma como estas inovações chegam ao mercado. Foram fundamentais em quase um terço das FPI relacionadas com o cancro entre 2002-2021, representando 26% de todas as FPI de requerentes de patentes da UE e 35% das FPI de requerentes dos EUA, ultrapassando significativamente a sua contribuição média em todas as tecnologias.
O INSERM e o CNRS franceses destacam-se como polos fundamentais da inovação no domínio do cancro, ocupando o terceiro e o sétimo lugares a nível mundial entre 2017-2021. Em Portugal, que ocupa a 37ª a nível mundial com 145 FPI entre 2002 e 2021, o ranking é composto pela Universidade de Coimbra, Universidade do Minho e Instituto de Medicina Molecular.
Outros atores destacados entre os principais requerentes incluem empresas farmacêuticas dos EUA e da Europa, centradas principalmente em tratamentos inovadores contra o cancro, enquanto várias empresas, como a Philips, a Siemens e a Fujifilm, são especializadas em diagnósticos.
Nova plataforma sobre Tecnologias de combate ao cancro e atualização do Deep Tech Finder
A nova plataforma digital de acesso livre, “Technologies combating cancer”, foi desenvolvida por especialistas do IEP, em colaboração com 10 institutos nacionais de patentes da Europa. A ferramenta apresenta mais de 130 conjuntos de dados sobre quatro grandes temas: prevenção e deteção precoce; diagnóstico; terapias; e bem-estar e cuidados posteriores. Para ajudar no desenvolvimento e comercialização de novas tecnologias de combate ao cancro, o IEP está a atualizar a sua ferramenta "Deep Tech Finder", que faz o mapeamento das start-ups europeias com pedidos de patentes. Esta ferramenta ajuda os investidores e potenciais parceiros a encontrar start-ups europeias com novas tecnologias valiosas de combate ao cancro no setor da deep tech.